domingo, julho 12, 2015

Ó voz do fogo:
furiosa dançarina.
Olhai em nós
que te escutamos 
tão atentos
e sorrimos
e choramos
tua dor azulada,
teu idioma de estalos
e enigmáticas figuras.
Ó voz do fogo:
nossa mais imunda
agonia
correndo pelas veias.
Olhai em nós.
Ó voz do fogo
ide à merda
desses dias e nos leve
consigo
no bojo de tua aparência
sã.
Não és pura,
és muito mais rouca,
rasgando pelas narinas
de uma divindade
atônita
a oração solitária.
Ó voz do fogo:
transmita-nos
o calor de teu pânico.
         
              Jonatas Onofre

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