quinta-feira, julho 09, 2015

nódoa que se nega; esfrega, mas não lava.
tens a calma de quem investe contra uma 
gangue de nuvens munida da própria nudez
e carregas na geografia de teus arquipélagos 
o esboço original da igreja de são francisco.
unha galáctica inflamando a pele das horas,
pista de pouso para libélulas órfãs timbrada
em papel vegetal. eu profetizo teu umbigo anti-
aéreo atravessando o vale da sombra da morte
num balão de algodão-doce, teu retrato-falado
colado em portas de saloons e delegacias do
arizona, a musiquinha do elevador divulgando
tua chegada ao chefão da última fase. falas um
idioma de sonoridade úmida e me educas ao
design de teus mosaicos como uma abelha a
amamentar com melaço os favos do sol. és
mancha multiplicada de cegueira e delírio, gota
de suor caindo em loop na camisa-de-força de
um deus canhoto. escoltada por uma procissão
de arraias, me convocas para comer panquecas
na varanda do planeta e naufragar minha sintaxe
no teu mar de pixels. recuar soa inútil e a manhã
é um sorvete que evapora preguiçoso enquanto
redimensionas minha voz com a ponta dos pés.


                                           Camillo José

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