terça-feira, dezembro 15, 2015

Nem sons de alaúde

pois
nunca esperam
para revirar o chão
onde não sabemos
dançar 


peço que
sopres o alento
para o mais longo
desvio,

deixemo-
lo cair por
lá,

minha parte,
enferma,
aceita que sejas
tanto figura secando
num ramo sem nome
como
aquela que não despede
os olhos

e descrês do
relógio, mas

descansando,
como que
sem pulmões e
por isso sem
ofegâncias,

quase me prova
que é uma graça
saber, tão
bem,

mentir

          Jonatas Onofre

segunda-feira, dezembro 14, 2015

[vau

a respeito de espelhos,
esperas
e o pó das esporas,
soprado para
longe 


dúvida é o mesmo
que mácula
no átrio
e na camisa sem
estampas
do pensamento

um vento
levantando-a
de encontro
ao sol

é só a luz
superando
um horizonte

o dia
encravando
no dedo

isso de se
pôr

sensação,
pelas extremidades,
de que não será
possível
pés

e ainda vão matar
muito e morrer
assim,

durango
diz: não

e nem somos um
bando,

II

a respeito de expedições,
experts,
não sinalizar as
águas, espirrar
o rio antes
que ele

atravesse a
uretra

e aconteça
nas pedras, como
um câncer,
um inferno festivo
ou um vestígio

para nos deixar
depois,
sem depois,
numa trilha
de pólvora até
qualquer boca
minada

segure-se, kid
o mundo pode buscar
o teu surto
muito antes
do
combinado

durango
diz:
não é
tudo

e nem somos um
bando,

a outra banda
respira o que sobrou
de nós

o rio não, deus-
dará seu vau
mas
ninguém
atravessará]

              Jonatas Onofre

domingo, dezembro 13, 2015

Espelho

sofro a morte em mim,
nascimento
vivo a arte enfim,
meu momento
sou o amor apenas
como invento
nada em mim
causa-me vão orgulho
sou cada vez mais
sombra, entulho
sobra-me a alma
em voz: o barulho

             Zizo

quarta-feira, dezembro 09, 2015

Quem te pertence nesta via
chega bem perto do engenho
de quem te fez.

Argila
mutação do ferro
do chão

O ar parece o mesmo
e o vermelho se anuncia

Outra vez.

            Carlos Nascimento

segunda-feira, dezembro 07, 2015

Fazer das Traves Desafio

Cercar o campo.
Com os olhos dizer
a memória que
acerta com os pés.
Seguir,
no giro, cair,
ver a bola passando.
Não poder mirar sem querer. 

              Carlos Nascimento