quarta-feira, agosto 05, 2015

Cirurgia em D menor
nunca
precisamos
tanto do grito 
como agora que os
prédios esquecem-se
como esqueletos e entre
os homens extinguem-se as
maneiras de um dizer claro
há o que se lamentar resta uma
mão enfiada no duodeno e uma pessoa
que não pode mais ser bela ou gostar de
jazz fusion um catálogo de posições sexuais
moscas evitando a decomposição entre os joelhos
paraplégicos e algo sagrando-se no mofo de um sofá lilás
nunca precisamos tanto do grito assim mesmo arrancado sem vírgulas
da última caixa torácica do mundo
                                             
                                Jonatas Onofre

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